domingo, 24 de junho de 2012

Didática da prática instrumental (Orff) Professora Enny Parejo


Há muitos anos vi uma das apresentações com o instrumental Orff na antiga ULM e fiquei encantado com as possibilidades musicais que ela proporciona. A metodologia que é aplicada para o ensino da música com o instrumental Orff também é dinâmica e prazerosa da forma que a professora Enny conduziu as aulas na Cantareira. Quando comecei na ULM, tive o primeiro contato com metodologias diferentes para o ensino da música, pois tinha sido adestrado com o Bona. Mas ao ver aquela apresentação de crianças de uma forma totalmente musical, fiquei entusiasmado e querendo fazer uma oficina com o instrumental Orff. Contudo me mudei para Ubatuba e a distância, o tempo e a falta de dinheiro impediram e acabei não fazendo. Agora na pós-graduação finalmente consegui participar de uma oficina e amei a forma de trabalhar a música com esses instrumentos porque com pequenas frases ou motivos bem simples que as crianças possam tocar, podemos fazer uma peça musical bem elaborada que soe muito bem. Achei interessante a mobilidade do instrumento, pois podemos tirar as placas e deixar somente as que serão tocadas, isso ajuda as crianças no momento em que estão aprendendo a tocar. A forma como a professora Enny ensinou a segurar as baquetas e a forma que aplicou os exercícios como aquele que contávamos até quatro e passávamos as baquetas para o amigo da direita, ou da esquerda, foi muito gostoso, instrutivo e divertido. As diversas musicas que tocamos e improvisamos foram instrutivas, divertidas e tornaram o fazer e o aprender música muito prazeroso. Como disse acima que fui adestrado no Bona, agora estou tentando divulgar nas igrejas evangélicas essas novas metodologias e práticas musicais, que nem são tão novas. Infelizmente as igrejas ainda continuam utilizando o Bona e no máximo quando mudam, utilizam o Pozzoli rítmico. Contudo, a forma e a metodologia de ensino na maioria das igrejas continuam a mesma anti-musical e ainda continua excluindo o corpo do fazer musical. Entretanto, sabemos que as igrejas são atualmente lugares onde o fazer musical ocorre com uma certa frequência criando e desenvolvendo músicos tanto para suas funções religiosas, quanto para o mercado musical. Portanto, penso que se conseguirmos melhorar o ensino o ganho para a música seria enorme, pois um aluno que tenha um ensino básico de qualidade no início de sua aprendizagem musical terá um ótimo desenvolvimento musical e se posteriormente quiser se profissionalizar bastará dar continuidade nos estudos musicais. Por este motivo estou buscando me aperfeiçoar e divulgar nas igrejas essas metodologias de ensino musical porque se conseguirmos essa mudança o benefício será aulas e alunos aprendendo com prazer e músicos muito mais capacitados tanto para as funções musicais religiosas, quanto para o mercado de trabalho.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Pesquisa sonora e improvisação Profª Dra. Enny Parejo

Pesquisa sonora e improvisação com Enny Parejo

Na primeira aula do dia 03/04/2012, começamos a aula com um aquecimento e alongamento corporal. Enquanto a professora tocava o atabaque nós íamos movimentando diversas partes do nosso corpo começando pela cabeça até chegar aos pés. Depois  a professora ofereceu-nos o atabaque e outro aluno ficou tocando enquanto ela se aquecia e nós terminávamos de fazer o aquecimento. Nessa atividade senti uma diferença grande entre a professora e o aluno que tocou, pois, o som estava mais pesado e tenso. Senti no corpo a diferença sonora para aquecer e alongar porque o som vinha carregado de tensão, enquanto que com a professora o som vinha suave e era relaxante. O que percebi nessa atividade é que a forma como tocamos o instrumento seja ele de percussão, teclas, sopros ou cordas no momento do aquecimento e alongamento corporal, fará com que as pessoas relaxem ou fiquem mais tensas.
Em seguida começamos uma atividade com um ritmo binário criado por cada aluno. Todos tocamos juntos todos os ritmos e ficou difícil de entender, pois muitos ainda tem dificuldade de se ouvir e ouvir o todo. Então a professora sugeriu que entrássemos cada qual com o seu motivo rítmico até chegar no tutti, foi então que todos começaram a se ouvir, tanto o que fazia como o que os outros faziam. Após essa audição geral, começamos a improvisar em duplas, isto é, tinha um dialogo entre dois instrumentos e depois voltávamos ao tutti. Na primeira vez foi improviso sem métrica, todos nos sentimos a vontade, mas na segunda rodada a professora estipulou dezesseis compassos binários, então quase que a maioria dos alunos sentiram-se presos e me senti preso também com a preocupação de manter o improviso dentro dos dezesseis compassos. Comentamos com a professora a respeito desta dificuldade e ela falou que devemos praticar mais, pois a forma é importante e por meio da prática nos apropriamos dela para com ela e por ela nos superarmos dentro do improviso, essa superação só vem com a prática do fazer musical. Após essa atividade fizemos a exploração sonora da folha de jornal, apesar de ter pouca intensidade sonora o jornal possibilita diversos sons, percussivos, de sopro, (rasgado, dobrado e amassado), sendo esses três últimos próprios do papel. Depois de explorarmos sonoramente a professora fez uma pontuação que poucos levaram a atividade a sério, pois em pouco tempo pararam de manipular as folhas de jornal. Após essa pontuação solicitou-nos que fizéssemos uma composição com os sons explorados. Apesar de eu ter errado no ritmo a Carolina captou a essência do que eu tinha composto, pois ela falou ter percebido o ritmo do samba e o barulho de um trem. Essa era minha ideia, pois com os dedos imitava no jornal o som das pessoas entrando no bonde, em seguida dobrava a folha e esfregava uma na outra tentando imitar o barulho do bonde nos trilhos, e depois tocava o ritmo do samba no jornal como se fosse um pandeiro. Para mim essa atividade foi bem prazerosa, divertida e instrutiva, pois quando cada um apresentava a sua composição eu ficava tentando descobrir o que a pessoa tinha feito sonoramente, então ouvi e imaginei diversos sons. Alguns eu acertei outros a pessoa que produziu o som não tinha pensado em nada do que eu consegui ouvir e imaginar, apenas pensaram no mecanismo de amassar, dobrar ou rasgar o papel. Entretanto, penso eu que, essa atividade de exploração sonora passa a fazer mais sentido quando utilizamos a imaginação e o faz de conta que na criança é natural e para nós adultos ela já foi sufocada. Portanto, para esse tipo de atividade, penso eu que devemos nos esforçar para despertar novamente a imaginação e o faz de conta para que possamos aproveitar mais essas possibilidades sonoras que vão além das ondas sonoras, ou seja, utilizam os espectros do som. Depois da exploração e composição com o jornal exploramos o papelão livremente. Cada um apresentou um som diferente e depois a professora pediu para que fizéssemos uma composição que fosse agrupando esses sons. Foi muito gostoso fazer essa atividade, o Horácio conduziu, a professora conduziu, o Diogo conduziu, enquanto eles foram fazendo suas composições utilizando os nossos sons eu me lembrei de uma apresentação da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo que começava com a percussão imitando os fogos de artifícios, pois tinha uns sons agudos e um som grave que estavam fazendo na sala que me lembrou esse som. Eu só precisei executá-los na ordem, ou seja, três sons agudos e o grave forte finalizando como um tiro de rojão. A professora pediu para que eu intercalasse essa sequencia e o improviso de tutti e soou bem interessante a proposta. Durante essa aula ficou bem visível que alguns alunos não conseguem usar a imaginação e não gostam de trabalhar com esse tipo de som, mas, nós como professores não podemos nos abster de utilizar a música contemporânea na sala de aula, pois ela nos possibilita um enorme ganho na educação. Ela possibilita desenvolver a criatividade, a emoção, o entrosamento e a participação de todos na sala de aula, pois com qualquer material selecionado podemos fazer música e o que é melhor com qualidade, pois para fazer música com esse tipo de material a criança ou o adulto tem que entender as propriedades do som. Portanto o ganho de se trabalhar com a música contemporânea é imediato, prazeroso, instrutivo, instigante e divertido, pois possibilita a utilização dos instrumentos convencionais e de diversos materiais que produzam som. Sendo que a grande aprendizagem ocorre na exploração dos materiais que produzem som, pois os participantes terão que classificar os sons explorados em relação a altura, timbre, duração, intensidade e densidade do som  e é esse um grande momento de muita aprendizagem.

Aula do dia 09/04/2012

Nessa aula praticamos um pouco de contação de histórias e a professora abordou que devemos utilizar o timbre, a altura, a intensidade e a duração do som durante a contação das historias, pois isso deixa a história mais divertida e prende a atenção das crianças. Com certeza a utilização das propriedades do som e a criação de vozes para os personagens das histórias infantis deixam as crianças encantadas e com a atenção totalmente voltadas para a história que esta sendo contada. Essa experiência eu já tive até em sala de aula convencional e com alunos do quinto ano do ensino fundamental, pois contava histórias nas aulas e eles prestavam atenção e gostavam de ouvir. Na verdade fiz essa atividade como uma experiência na sala de aula. Pensava que eles já não iriam curtir por causas dos desenhos e filmes que assistem na TV, mas para minha surpresa eles gostaram muito de ouvir as histórias. Depois de contar a história pedia para que escrevessem com suas próprias palavras e a maioria escrevia a história inteira com começo, meio e fim. Detalhe que me chamou a atenção foi que eles comentaram que eu lia a história de um jeito diferente, então os questionei, como assim? Eles responderam: Você cria vozes diferentes para os personagens e coloca sons na história. Nesse bimestre do ano de 2008 fui chamado para dar uma oficina de musicalização na escola, então abordei esses assuntos fizemos uma prática de contação de história e as professoras gostaram de fazer a oficina.
Na aula como a professora Enny ainda contamos a história e utilizamos os instrumentos durante a contação da história. Cada grupo apresentou a sua história e foi muito rica a apresentação de cada grupo ou dupla, pois nessa atividade cada grupo mostrou sua sensibilidade e criatividade para encaixar os instrumentos e o som no contexto da história.

Aula do dia 16/04/2012.
A aula começou com cada um pegando o próprio instrumento e tinha instrumento de percussão de altura definida ou não, de sopros e de cordas dedilhadas e friccionadas. A professora tocou um motivo e nós repetimos, depois cada um criou o seu motivo e todos nós repetíamos, após todos tocarem individualmente a professora apresentou um tema melódico de duas frases que foi o nosso ostinato e a partir dele exploramos diversas texturas sonoras. Em seguida continuamos a atividade com o tutti tocando o ostinato e sendo substituido por um improviso diálogo entre dois instrumentos e novamente interrompido pela entrada do tutti em ostinato. O mesmo ocorreu individualmente um solista interrompia o tutti e o tutti interrompia o solista, como num concerto grosso. Depois a professora sugeriu um trio ou quarteto dialogando e o tutti interrompia o solo do quarteto e similar o quarteto interrompia o tutti. Na primeira vez com o quarteto não funcionou bem, pois a ansiedade do grupo em tocar não deixou ouvir os quatro instrumentos mais fracos que tentaram dialogar, então o tutti cobriu a conversa. Paramos e discutimos sobre a nossa prática e na segunda vez já foi um pouco melhor, pois conseguimos nos ouvir um pouco mais, porém percebemos que como grupo ainda precisamos melhorar muito mais a nossa escuta. Depois dessa atividade fizemos uma exploração de timbres e possibilidades sonoras nos nossos intrumentos e com esses sons dialogávamos com os outros em duplas, trios e quartetos. Novamente tivemos dificuldade para desenvolver a atividade com os quartetos, pois tínhamos que ouvir quatro instrumentistas dialogando, depois alguém tinha que ir entrando e substituindo os indivíduos da conversa, esse processo ficou confuso, pois muitos não esperavam a conversa entre o quarteto se firmar para entrar e interromper. Precisamos aprender a ouvir mais e vencer a ansiedade enquanto grupo musical. Em seguida a professora propôs a exploração com pontos sonoros começando rarefeito, ficando denso e silenciando com a entrada de um solo que poderia ser individual, em dupla ou trio que seria interrompido pelo tutti novamente com os pontos rarefeitos que ficariam densos. Nessa atividade também a não escuta do grupo atrapalhou, sendo que somente na segunda vez que fizemos após a discussão, melhorou um pouco, mas ainda pode ser melhor se nos escutarmos mais e vencermos a ansiedade de tocar. A atividade seguinte foi a projeção de uma história e nós tivemos que sonorizar com os nossos instrumentos, foi muito divertido e rimos bastante na sala de aula, pois cada um utilizou os instrumentos em momentos específicos da história. Após essa atividade fizemos a musica de algumas paisagens ou quadros abstratos que a professora nos apresentou, o grupo que participei apresentou um quadro que continha duas gaivotas voando e o mar. Produzimos o som do mar, o som das gaivotas, umas frases da Garota de Ipanema e voltava para o som do mar. Cada grupo apresentou um quadro diferente e gostei muito de apresentar e ouvir a apresentação dos outros grupos. Já no final da aula pedi para fazer um quadro com todos, pois gostei muito das linhas melódicas e possibilidades sonoras que ele apresentava.
Conclusão
As três aulas de pesquisa sonora e improvisação serviram para ampliar o horizonte das possibilidade sonoras que podemos utilizar em nossos trabalhos como educadores, compositores e interpretes. Para mim e alguns outros alunos, ficou a vontade de improvisar e explorar mais os sons porque foram atividades muito prazerosas e instrutivas, já para outros deu para notar que era uma atividade massante e que não proporcionava prazer e nem interesse. Sou suspeito para falar sobre música contemporânea, pois foi por meio dela que passei a tocar melhor a música tradicional. Termino com um frase de Paulo Leminski. Nunca cometo o mesmo erro duas vezes já cometo duas três quatro cinco seis até esse erro aprender que só o erro tem vez.