quinta-feira, 5 de abril de 2012

Jardins dos caminhos que bifurcam nº 01 - Cao Benassi

A flauta doce hoje. Parte final

Didática da prática instrumental (Flauta) Profª Claudia Freixedas

Didática da prática instrumental (Flauta) Profª Claudia Freixedas

Didática da prática instrumental (Flauta) Profª Claudia Freixedas

Continuação do vídeo
 A flauta doce hoje.

Didática da prática instrumental (Flauta) Profª Claudia Freixedas

Olá, pessoal!
Aqui esta uma sequência de vídeo do compositor Cao Benassi, no qual ele dá várias dicas de como produzir efeitos sonoros especiais com a flauta.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Música e expressão pelo movimento/ Entrevista com Daniel Reginato.

No dia 14/06/2011 enviei algumas perguntas via Skype e fiz a primeira parte da entrevista com o Daniel Reginato pelo Skype e a segunda parte pessoalmente na Oficina de Canto Coral com base no repertório folclórico na Oficina Cultural Alfredo Volpi em Itaquera.

Isaac Alves: Como você vê que o corpo se mostra nas aulas de música tradicional? E como deve ser em um ensino "holístico"?
Daniel Reginato: O que você entende como holístico?
Isaac Alves: no sentido de que o corpo também faz parte do ensino e não somente o mental que é o que a educação enfocava e ainda enfoca.
Daniel Reginato: Na prática tradicional. Onde teoria musical era ensinada pelo mesmo professor do instrumento. O corpo só é solicitado para conduzir uma regência. No caso do solfejo. Lembro-me de ter feito o Bona e o Pozzolli e que os professores enfatizavam a questão da regência para eu saber quando estava no compasso. Era só. Não existia um movimento ou preocupação dos professores para trabalhar questões como prontidão. Ou até ajustes de relaxamento muscular para tocar sem tensão.
Isaac Alves: Ok! Eu também tive essa mesma prática cruel.
Daniel Reginato: Já, atualmente ainda existe uma enorme lacuna e carência para se ensinar música para adultos sem necessariamente passar por um instrumento. Os cursos ou são de interpretação (coral, instrumento e etc...) ou são de apreciação musical. Quando há o corpo envolvido os professores tendem achar que é muito lúdico. E que só serve para a criança.
Isaac Alves: Concordo, inclusive muitos adultos musicistas pensam assim.
Daniel Reginato: Mas depois que percebi que precisava reativar a memória corporal das pessoas. Uma memória do corpo ativo. Entendo e projetando os conceitos que quer fixar. (Entendo e projeto no corpo os conceitos que quero fixar.) O Dalcroze fala do eixo tempo x energia. Para se tocar ou cantar bem. Você deve estar conectado com seu corpo. E tem de entendê-lo como uma extensão de sua própria possibilidade expressiva. Para mim não tem como falar de música sem falar de movimento.
Isaac Alves: Que beleza com apenas uma pergunta você esta me respondendo várias questões que tinha que fazer. Como já tinha conversado com você em outras aulas, já sabia que sua prática envolve o corpo no fazer musical. Isso é ótimo. Então é um pouco do que já conversamos mesmo.



Música e expressão pelo movimento/ Entrevista com Daniel Reginato. II
Segunda parte da entrevista com o Daniel Reginato.
Isaac: Como você já falou sobre sua iniciação musical que começou sem movimento corporal, ou seja, sem inserir o corpo integralmente e teve a iniciação musical com o Bona e outros métodos similares que o máximo de movimento que fazia era com as mãos marcando o compasso. Como você chegou a essa prática que envolve o corpo e busca o movimento dele como um todo nas aulas de música que ministra e como você começou utilizar o método “O Passo”?

Daniel: Como meu trabalho é mais ligado ao canto sempre tive uma atividade corporal mais sistematizada principalmente durante as minhas aulas. Em um dos cursos que fiz no Rio de Janeiro (promovidos pela RIO A CAPPELLA) tive conhecimento de uma ferramenta de percepção que propiciava aos cantores que não tinham leitura musical entender conceitos fundamentais de ritmo seu nome era O PASSO. Na época trabalhava com um regente chamado Eduardo Fernandes (CORALUSP, Coral UNIFESP) que começou a usar o método em seus ensaios. Entretanto, usava de maneira especifica, ou seja, para resolver um problema especifico que um determinado naipe apresentava, já que o contexto estava voltado para a interpretação. Porém, mais tarde, na Escola do Auditório Ibirapuera, onde eu regia um grupo juvenil, o método passou a ser adotado através de um curso de formação, e assim conheci o Lucas Ciavatta, criador do método. Já conhecia um pouco sobre o assunto e na época pude me aprofundar nessa temática. Então entendi o que era “O Passo”. Na época o Lucas disse que desenvolveu o método para que ele pudesse suprir as necessidades que ele encontrou ao começar estudar música, já muito tarde. E ela possibilita que todos sem exceção, cheguem à compreensão rítmica. Depois de um ano a escola adotou o método como esqueleto da aula de percepção, pois até então eram feitas aulas de percepção e teoria da forma mais próxima da metodologia tradicional e cerebral, sem a presença constate da consciência corporal. “O Passo” era usado aparentemente somente para resolver problemas rítmicos. No ano seguinte “O Passo” tomou uma direção muito grande na escola, não somente a mecânica, mas toda a forma de introduzir a música e o critério de como usar O Passo que o Lucas baliza ao pensar educação musical. Então, a escola convidou-o para criar um núcleo de percepção com o que ele achasse ideal para a formação de músicos e como eu já trabalhava com “O Passo” em um outro grupo que regia, ele me chamou para trabalhar. A partir de então a escola do Auditório passou a ter uma matéria chamada Canto com O’PASSO, que era uma aula de afinação, onde existe uma prática do solfejo melódico e harmônico. Essa disciplina tem como base a reflexão minha e do Lucas dos processos e caminhos inerentes a uma consciência da afinação. Estão presentes as ferramentas do O’PASSO como a marcação do pulso quando existe uma necessidade de leitura de trechos ou mesmo a própria filosofia de trabalho do método, principalmente no rigor das fases de apreensão do conteúdo.
Voltando ao assunto do corpo lembro-me também que me aproximei de outra linha pedagógica musical que associa a utilização do corpo no aprendizado. Por volta de quatro anos atrás em um simpósio de educação musical conheci as técnicas propostas pelo Suíço Emile Jacques Dalcroze. Através do prof. Iramar Rodrigues que leciona em Genebra pude vivenciar na prática, soluções em sala de aula onde o corpo faz parte do aprendizado e é convidado como tradutor da percepção musical em todos parâmetros sistematizados. Lembro de Iramar sempre repetir: “tudo é movimento”. Então, fiz a conexão de que esse uso do corpo também influenciaria no resultado da sonoridade dos coros, e que também funcionava como solução necessária para pessoas que desejavam um estudo musical calcado em uma abordagem mais sensorial.

Isaac: Vejo que para você o corpo é muito importante para a pratica musical, pois você não o dissocia da mesma. O que você vê na educação brasileira musical, o enfoque no corpo cresceu ou ainda falta muito para a introdução do corpo na música erudita?

Daniel: Você esta falando da educação musical para crianças, para adultos ou para o ensino de instrumento?

Isaac: Vamos focar no ensino do instrumento.

Daniel: Existe uma grande resistência de usar O PASSO, de incorporar e estabelecer o tempo inteiro a medida (o movimento) corporal na educação musical para os professores de instrumentos, mesmo dentro da Escola do AUDITÓRIO, onde o método é oficialmente adotado. Temos excelentes professores instrumentistas e não são todos que usam O PASSO nas aulas técnicas. Eu diria que tem uma resistência absurda. A maioria não usa.  Na verdade no contexto do método “O Passo”, ele visa resolver um problema rítmico, porém, a maioria dos professores estão preocupados em capacitar os alunos a conseguir executar tecnicamente o som do instrumento. A questão está incialmente ligada ao tipo de contexto em que aula se baseia. Percebo que, no entanto, eles não utilizam o PASSO para a resolução de uma leitura simples de um exercício de técnica, mas sempre apresentam uma solução corporal para falar de sonoridade obtida pelo instrumento, seja ele qual for. O ensino de instrumento na música popular incorpora muito a questão corporal. Essa questão de usar ou não o PASSO, lembro-me do Lucas “o passo existe para resolver uma necessidade e se você consegue estudar sem ele, então não precisa usá-lo”.  Eu que estudo piano desde os nove anos de idade, em um dos últimos cursos que fiz, deixei uma preocupação o tempo inteira voltada para a mobilidade do corpo no piano. Existe uma coisa nova no piano que é o professor falar do apoio respiratório, que é educar o ataque, não tencionar a mão. Durante meus cursos de instrumento quando era mais novo não ouvia sobre isso antes e isso é um nível de refinamento. Porém, se observarmos os bons professores de antigamente, de forma empírica, buscavam fazer alguns ajuste corporais visando uma integração melhor entre o corpo e a mente no momento da execução musical.

Segue abaixo o endereço de um vídeo do Lucas Ciavatta falando sobre "O Passo".