O compositor, músico e educador H.J.Koellreutter (1915-2005)
Hans-Joachim Koellreutter é músico pela Escola Estadual de Berlim e pelo Conservatório de Música de Genebra, onde foi aluno de Kurt Thomas e Hermann Scherchen, entre outros. Fundo e dirigiu a Escola Livre de Música de São Paulo, a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia e a Escola de Música Ocidental de Nova Delhi. Dirigiu o Departamento de Programação Internacional do Instituto Goethe de Munique, os institutos culturais da República Federal da Alemanha em Nova Delhi, Goethe de Tóquio e do Rio de Janeiro.
Achei interessante começar escrevendo sobre o educador Koellreutter a partir desse resumo de seu currículo, pois por meio dele já dá para ter uma noção de como influenciou a educação musical no Brasil. A música brasileira, penso eu, pode-se dizer tem dois momentos, antes de Koellreutter e depois dele.
O maestro Koellreutter era um questionador nato. De acordo com uma de suas alunas a professora Enny Parejo ele começava suas aulas com as seguintes frases: Não acredite em nada do que o professor diz. Não acredite em nada do que você lê. Não acredite em nada do que você pensa. A palavra “por que” é uma universidade.
Os princípios pedagógicos que embasavam o seu trabalho: ensinar ao aluno somente o que ele não consegue aprender nos livros, desvelar as grandes ideias filosóficas e científicas da sociedade onde se vive, incorporar as estruturas e elementos da nova(que já não é mais nova) música à educação musical, aprender a aprender do aluno o que ensinar. Ele via a improvisação como uma ferramenta essencial na educação musical, pois para esta ocorrer é necessário um planejamento bem cuidadoso e elaborado. De acordo com ele para improvisar é preciso definir claramente os objetivos que se pretende atingir e é preciso ter um roteiro, e a partir daí trabalhar muito: ensaiar, experimentar, refazer, avaliar, ouvir, criticar, etc. O resto é vale-tudismo! O professor Koellreuter aproveitava o tempo ao máximo desenvolvendo a prática musical e dizia que: É preciso aproveitar o tempo para fazer música, improvisar, experimentar discutir e debater. O mais importante é – sempre- o debate e, nesse sentido, os problemas que surgem no decorrer do trabalho interessam mais do que as soluções.
A essência de sua metodologia esta na proposta do ensino pré-figurativo, ou seja, para ele o ensino, a prática e a vivência musical e artística devem ocorrer antes da aquisição intelectual dos símbolos e da teoria. Partindo do impreciso para o preciso, sentindo e vivenciando o transbordar e a riqueza do conhecimento em seu fluir durante o processo da prática musical em busca da expressividade por meio da relação que ocorre internamente em cada ser humano. Com o desenvolver dessa atitude, não nos portamos diante do mundo como que diante de um objeto pronto e acabado, mas sim como um artista diante de uma obra a criar.
O compositor Koellreutter via como objetivo da educação musical o desenvolvimento do ser humano para tanto focava as atividade e práticas visando desenvolver: as faculdades mentais que são fundamentais para qualquer área de atividade, a personalidade do indivíduo, a comunicação, a concentração, a percepção e a apercepção, a auto-disciplina, a subordinação dos interesses pessoais aos do grupo, a análise, a síntese e o discernimento, a criticidade, a autoconfiança, a redução do medo e da inibição causados por preconceitos, a criatividade, memória e o senso de responsabilidade social e pessoal.
Ele em sua vida e seu trabalho sempre buscou a integração da vida/arte e da arte/vida para o amadurecimento da consciência humana.
Já tinha lido sobre Koellreutter no livro da Teca Alencar de Brito quando fiz meu TCC de pedagogia. Gostei muito de suas idéias e práticas musicais, mesmo sem ter vivenciado elas, somente lendo no livro da Teca. Entretanto, neste semestre ao estudar com a professora Enny Parejo e vivenciar na prática as oficinas me apaixonei pelo trabalho dele, pois é muito dinâmico, vivo, criativo, desvelador e avivador da criatividade. Ao praticarmos as atividades com as Gestalt, foi muito bom, apesar de eu não estar em um bom momento, pois nem consegui me concentrar o suficiente para cumprir o combinado de não usar a tonalidade. Foi uma atividade muito prazerosa porque pude ver os meus colegas e amigos criando sons e Gestalt muito elaboradas e o resultado sonoro do todo é muito vivo e lindo. Após o fazer da atividade a professora nos questionava se tínhamos seguido o combinado e nos direcionava para seguir o combinado da atividade, como foi o meu caso. Essa atividade em sala de aula com os nossos alunos é de extrema importância, pois liberta os nossos alunos para desenvolverem e aflorarem a criatividade, além de proporcionar o prazer da criação sonora.
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